História
O Colégio Bom Jesus abriu as suas portas em Cernache, no centro da Vila, no ano de 1982, num espaço que já havia servido como Albergue e Hospital da Vila.
Na época possuía a designação social de Infantário Bom Jesus e pretendia constituir uma resposta de qualidade para as famílias que não tinham um espaço acolhedor onde pudessem confiar a guarda dos seus filhos mais novos.
A sua localização central foi, durante cerca de 20 anos, um fator de crescimento e visibilidade uma vez que por aqui passava grande parte da circulação rodoviária com destino a algumas localidades e Concelhos limítrofes o que, associado à qualidade dos serviços prestados, levou a que rapidamente esgotasse a capacidade para as valências em que se encontrava licenciado.
Com a explosão demográfica, mais acentuada nos anos 90, impôs-se uma melhoria e alargamento dos serviços prestados, que culminou com a construção de um novo edifício no Cimo do Olival – Cernache, em 2001.
Implantado num terreno com área aproximada de 6000 m2, e estruturado em 2 pisos, num total de 1500 m2,o atual edifício, inicialmente dimensionado para 150 crianças, também já sofreu algumas obras de ampliação e remodelação, possuindo atualmente um Alvará para 251 crianças distribuídas por 3 valências: Creche, Jardim de Infância e 1º Ciclo.
De entre as suas 12 salas de atividades, salão polivalente, ludoteca, campo de jogos, parque infantil de entre outros, assume particular relevo a mata, com um conjunto diversificado de plantas e árvores, bem como alguns materiais e estruturas lúdico-pedagógicas, nas quais destacamos a “Escola da Mata”, onde os alunos podem desfrutar de um contexto que promove aprendizagens ativas e significativas, com foco no desenvolvimento integral da criança.
Oferecemos um serviço de qualidade que favorece o desenvolvimento harmonioso das crianças que nos são confiadas e corresponde ao nível de exigência, cada vez mais elevado, das famílias que nos procuram.
Vida e Obra da Fundadora
Maria Fernanda Panão Rato, nasceu a 22 de setembro de 1936, na freguesia do Sebal, no Concelho de Condeixa—a–Nova, distrito de Coimbra, tendo-se revelado, desde muito cedo, uma aluna aplicada e com grande vocação para o ensino.
Oriunda de uma família humilde, conseguiu progredir nos estudos, não só por ser boa aluna, mas também graças à sua fragilidade física que a impedia de trabalhar. O avô materno, costumava dizer, incrédulo, aos que gabavam as capacidades da neta, que ela havia de ser professora na Rapoila, uma localidade da mesma freguesia que nem sequer escola tinha. Mal ele imaginava que as suas palavras eram o pronúncio do que viria a ser uma carreira de sucesso.
Com apenas 18 anos de idade Maria Fernanda inicia, assim, o seu percurso como professora: primeiro, na escola das Carvalhosas, Coimbra, seguindo-se a da Ega, no concelho de Condeixa, e depois Vila Pouca de Cernache, concelho de Coimbra, onde veio a inaugurar a primeira Escola Primária local, uma vez que, até aí, os alunos usavam espaços adaptados e cedidos para o efeito.
Após contrair matrimónio, em 1959, pede exoneração do cargo público e acompanha o marido para Lisboa, onde se mantem ligada ao ensino doméstico e, mais tarde, ao ensino privado, tendo-se tornado, poucos anos mais tarde, proprietária de um Externato, na Amadora por onde passaram, ao longo de 40 anos, vários milhares de alunos.
O seu nível de dedicação e de exigência era reconhecido por todos e os seus alunos eram facilmente identificados, quer pelo comportamento exemplar, quer pelos bons resultados académicos que apresentavam, tendo-se tornado uma professora muito conhecida e apreciada naquela cidade. Ao longo da sua carreira, com mais de 50 anos de ensino, nenhum dos seus alunos reprovou, numa época em que todos ainda eram avaliados por examinadores externos.
Em 1982, quando encontrou um espaço, em Cernache, onde podia continuar a fazer aquilo que mais gostava, regressa a esta freguesia, dando assim cumprimento a uma promessa que havia feito aos seus alunos de Vila Pouca. Com o passar dos anos e a construção do Colégio Bom Jesus, viria a receber aqui filhos e netos de alguns dos seus ex-alunos, o que constituía para Maria Fernanda, motivo de orgulho e o melhor reconhecimento do seu trabalho.
Amava os seus meninos mais do que tudo e acima deles só estava Deus, a quem os entregava diariamente nas suas orações. Partilhava com eles muitas histórias bíblicas, sobretudo à sexta-feira, ao pôr-do-sol, mostrando-lhes a importância de se manterem fieis aos princípios divinos e, no Externato, na Amadora, ninguém concluía o 4º ano de escolaridade sem levar para casa uma Bíblia, oferta da Avó Nã, como era conhecida pelos mais pequeninos.
Nos últimos anos, para além de apoiar e supervisionar o trabalho de alguns docentes, quer no Externato da Amadora, onde ainda se deslocava regularmente, quer no Colégio em Cernache, Maria Fernanda assumia como missão ensinar as crianças, que frequentavam a sala dos 5 anos do pré-escolar, a ler, tarefa que fazia em poucas semanas, com uma metodologia muito própria e diferenciadora. A tabuada, para os mais velhos, também não podia falhar! Salteada e “tinha que estar na ponta da língua”.
Apesar de se orientar, na sua prática pedagógica, por um método de ensino mais tradicional, tinha uma mente aberta à inovação e gostava sempre de conhecer e aprender, com os mais novos, outras formas de trabalhar/ensinar.
No último ano de vida enfrentou a cegueira progressiva o que a deixou, psicologicamente, muito abatida. Faleceu a 4 de março de 2022, com 85 anos, devido ao agravamento dos seus problemas respiratórios e cardíacos, os quais comprometeram também, nos últimos meses, de modo muito significativo, a sua qualidade de vida.
Maria Fernanda deixa, em Cernache, um importante legado, o COLÉGIO BOM JESUS, que era a sua casa, onde foi feliz e se dedicou ao que mais gostava, ENSINAR.